Um giro ao sol,ciranda poética

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Librianos,filhos da primavera,arautos do amor.

"Love is touch, touch is love
Love is reaching, reaching love
Love is asking to be loved

Love is you...
You and me
Love is knowing
we can be

Love is free, free is love
Love is living, living love
Love is needing to be loved"   Lennon

*em homenagem a todos librianos,filhos da primavera,arautos do amor.
 
                                                           Jonh and Yoko

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

UM OUTRO POEMA DE AMOR



No fundo, as relações entre mim e ti
cabem na palma da mão:
onde o teu corpo se esconde e
de onde,
quando sopro por entre os dedos,
foge como fumo
um pequeno pássaro,
ou um simples segredo
que guardávamos para a noite. 
NUNO JÚDICE, in O MOVIMENTO DO MUNDO, ( Quetzal, 1997)


As palavras de Sophia

Pois a poesia é a minha explicação com o universo, a minha convivência com as coisas, a minha participação no real, o meu encontro com as vozes e as imagens (...) É esta relação com o universo que define o poema como poema, como obra de criação poética. (...) Se um poeta diz “obscuro”, “amplo”, “barco”, “pedra”, é porque estas palavras nomeiam a sua visão do mundo, a sua ligação com a coisa. Não foram as palavras escolhidas esteticamente pela sua beleza, foram escolhidas pela sua necessidade, pelo seu poder poético de estabelecer uma aliança (...) E no quadro sensível do poema vejo por onde vou, reconheço o meu caminho, o meu reino, a minha vida.
In Arte Poética – II

Sophia de Mello Breyner Andresen

 

 

 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Da tristeza,esperança;da vida um passo de dança.

Danço com as palavras, com as mãos, com os olhos
Danço sozinha no meio das gentes
Danço nua, vestida de azul, ou de negro e até de vermelho já me cobri.
Danço a rir e a chorar
Danço a sonhar
Até quando amo, eu danço.

Vivi sempre a dançar, mesmo parada no meu canto
Dançarei sempre, mesmo que a música se cale
Ensaiei passos diferentes para acordes vários
Em alguns, tropecei, até caí
Mas sempre a dançar, nunca desisti
E retomava os passos novos que aprendi
Porque a dança é vida e quando eu parar
É porque morri!

Se é para ti que eu danço?
Danço para mim!
Mas esta noite, sim, a minha dança foi para ti!

(Poema de MT in Vivências)
 
 

GUARDAR

O ato poético de Antonio Cícero no poema "Guardar"
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso, melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que de um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo.
 
 
 
 

Quem sou eu

E eis que depois de uma tarde de "quem sou eu"
e de acordar à uma hora da madrugada
ainda em desespero
- eis que às três horas da madrugada acordei
e encontrei-me.
Fui ao encontro de mim.
Calma, alegre, plenitude sem fulminação.
Simplesmente eu sou eu.
E você é você.
É vasto, vai durar.
O que te escrevo é um "isto".
Não vai parar: continua.
Olha para mim e me ama.
Não: tu olhas para ti e te amas.
É o que está certo.
O que te escrevo continua
e estou enfeitiçada.

(Clarice Lispector)
 
 
 

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Amor e Abismos






Sem garantias, fator de risco. Sempre. Assim é o Amor. Mergulhar ladeira abaixo e subir aos céus. Vertigem da verticalidade (não é um pleonasmo, mas uma hipérbole), de profundis e ascenção, sem precedentes. Via de regra, não há escapatória. Não se vislumbra o fundo, onde dará o azul do céu? Não sei, você não sabe. Nietzsche atentou para a necessidade de asas quando se ama o abismo. Olhe longamente para o Amor e ele olhará para você. Entregue-se. Arrisque. Absurde-se.  Acredite. 

É o que nos diz O Louco, tonto de amor. Ah, tá, isso aí é paixão, não é amor. Por gentileza deixemos de lado frases prontas, aquilo que se repete por reflexo condicionado. Não há garantias sobre sentimentos, nunca. 

Há vertigens horizontais e paradoxos. O Amor é um velho moço. Um moço velho. Uma falha constante na Matrix, um lance de dados, match point. Acontece. Aconteceu comigo com você e com o vizinho. E é único. Muitas vezes único. Várias tampas para panelas variadas ou desvairadas. Com a miragem da flor azul no fundo à superfície d' água.

Inevitável que se pense no abismo como um espelho já que ele olha para você. Experimente gritar e ele lhe responderá: Eco! Eco!  Ergo sum. Logo creio que existo quando me vejo em você. Quando não me vejo ou não gosto da imagem, passo batom, mudo a cor dos cabelos, refaço os rastros e o retrato. Caminho pelas planícies lembrando das montanhas até que me acostumo ao horizonte. Ah, que beleza há na superficialidade! 

Aprender a superfície. Dissipar neblinas. Alimentar-se do sol cru do inverno. Caminhar lentamente pelos prados noturnos com a lanterna acesa, pirilampos portáteis. O moço velho. O velho moço. Livre do Amor. Livre de Si.

Tão inevitável como o Amor é caminhar do 0 ao 9.


Zoe de Camaris

http://zoedecamaris.blogspot.com/2011/07/amor-e-abismos.html





quinta-feira, 22 de setembro de 2011

utopia

"Ela está no horizonte.
Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos adiante.
Por mais que eu caminhe, nunca a alcançarei.
Para que serve a utopia?
Serve para isso: para caminhar."

(Eduardo Galeano)



terça-feira, 6 de setembro de 2011

Soneto XLVII

"Entre minha vista e meu coração estabeleceu-se um acordo,
E agora cada qual faz ao outro um favor:
Quando meu olho está faminto por um olhar,
Ou o coração almejando amar com suspiros que ele mesmo abafa,
Com o retrato do meu amor então a minha visão entra em festa,
E ao banquete esboçado convida o coração:
Assim, quer seja por teu retrato ou por meu amor,
Estás, mesmo longe, presente sempre ainda comigo:
Pois não estás mais distante que o alcance dos meus pensamentos,
E eu estou unido a eles, e eles contigo;
Ou se eles dormem, teu retrato na minha vista
Des
o meu coração para a alegria de vista e coração."


William Shakespeare


Cantada

Você é mais bonita que uma bola prateada
de papel de cigarro
Você é mais bonita que uma poça dágua
límpida
num lugar escondido
Você é mais bonita que uma zebra
que um filhote de onça
que um Boeing 707 em pleno ar
Você é mais bonita que um jardim florido
em frente ao mar em Ipanema
Você é mais bonita que uma refinaria da Petrobrás
de noite
mais bonita que Ursula Andress
que o Palácio da Alvorada
mais bonita que a alvorada
que o mar azul-safira
da República Dominicana
Olha,
você é tão bonita quanto o Rio de Janeiro
em maio
e quase tão bonita
quanto a Revolução Cubana

   Ferreira  Gullar




CAMINHOS DO CORAÇÃO

..."E aprendi que se depende sempre
De tanta, muita, diferente gente
Toda pessoa sempre é as marcas
Das lições diárias de outras tantas pessoas

E é tão bonito quando a gente entende
Que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá
E é tão bonito quando a gente sente
Que nunca está sozinho por mais que pense estar

É tão bonito quando a gente pisa firme
Nessas linhas que estão nas palmas de nossas mãos
É tão bonito quando a gente vai à vida
Nos caminhos onde bate, bem mais forte o coração"

#Gonzaguinha


 AGRADEÇO A  MINHA QUERIDA LETÍCIA ABBUD,QUE ME ENVIOU ESSA LINDA LETRA!


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Coragem, às vezes, é desapego.

“Coragem, às vezes, é desapego.

É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta.

É permitir que voe sem que nos leve junto.

É aceitar que a esperança há muito se desprendeu do sonho.

É aceitar doer inteiro até florir de novo.

É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais.”

-Ana Jácomo-
 
 
 
 
 
 

JUÍZO FINAL DO AMOR

O quanto te amo,
tu mesma não poderás saber,
nem eu mesmo,
pois estamos sujeitos ao tempo.

O quanto te amo,
não posso te provar em atos loucos,
na demonstração da grande ternura
e em múltiplos e ardentes poemas.

O quanto te amo
só poderá transparecer no último dia,
quando nós dois nos sentarmos à direita de Deus.

(Murilo Mendes)
 
 
 
 
 

Filho do vento

Venho de longe!
Trago nas mãos
Rosas das estações
Molhadas pela neblina do tempo
Converti em canções a minha dor
Imortalizei a saudade na poesia
Dentro do real,

Fotografei o imaginário
Com passos incertos
Caminhei sobre montanhas
Floridas de fantasias
E na magia
Recriei paisagens
Tempestades e calmarias!
 
 

Primavera

Há uma primavera em cada vida:
é preciso cantá-la assim florida,
pois se Deus nos deu voz,
foi para cantar!
E se um dia hei-de ser pó,
cinza e nada que seja a minha noite uma alvorada,
que me saiba perder...para me encontrar....

[Florbela Espanca]
- Vem ao jardim na primavera, disseste.
- Aqui estão todas as belezas, o vinho e a luz.
Que posso fazer com tudo isso sem ti?
E, se estás aqui, para que preciso disso?

Rumi (1207–1273)