Um giro ao sol,ciranda poética

domingo, 2 de janeiro de 2011

Gaia

Gaia

Uma fenda, um espaço no tempo que crio. Um jardim, uma fonte onde ninfas, náiades, sátiros e pãs dançam ao som de címbalos e flautas encantadas. Envolvo-me em em trajes flutuantes num circulo excitante, lascivo e tentador. Sinto o vento... suave, quente como um hálito a deslizar na pele maliciosa, enquanto lábios me procuram o corpo com toques de seda, e me confundo nas sombras. Sinto os movimentos, as vibrações e penso em profecias de amor eterno e penso no tempo a virar páginas rápido demais. Envolvo-me feito dança. Rodopios de valsas... E voo nas asas dos sonhos escorregando para dentro dos espelhos onde me enrosco em gestos, braços pernas e pelos, sentindo véus e mãos, ousando truques e uma insaciável luxuria. Uma fogueira de astros resplandecentes onde brilham todos os sóis, estranhos planetas, outros sistemas e durmo... E acordo sorrindo esticando os braços, revirando na cama fazendo graça, cheirando prazer, narciso, tulipas, miosótis, violetas...

Mara Araújo


A pulsar, a pulsar...

A pulsar, a pulsar...

Dançarei diante minha morte aos olhos do sol e de todos os elementos. Da terra para a terra, do pó para o pó. Falarei de todas as batalhas perdidas, das perplexidades e das frustrações, enquanto um vento brando varrerá ...com cuidado todas as dores.
Dançarei diante da minha morte como chama, faíscas brilhantes de um fogo que refletirá nas águas dos rios que purificarão a minha alma, que se libertará.
Dançarei diante da minha morte uma última vez diante de uma lua branca de paz, e cantarei vitorias, alegrias e sorrisos. Meus amores não mais me pertencerão. Bailarão diáfanos em véus de todas as cores e voarão como chama eterna na imortalidade das grandes paixões.. E será meu coração no universo, a pulsar... A pulsar...

Mara Araújo
 
 

Eu ouço as canções que vem do mar

Eu ouço as canções que vem do mar

Lápis-lazúli. Cavalos com olhos de fogo troteiam rasgando mares e planetas, o universo, estrelas e formas. Tropéis cascos e fúria cortando túneis e vagas... Grandes vazios, todas as marcas de mãos, fendas ca...vernas e fantasmas de tantas embarcações. Sulcos cavados, rochas de vulcão, corais. Vento de mar bravio atravessando cometas, abismos, precipícios e limites. Tropéis e agua de mar salgado. Sede e frio afugentando espíritos e toda a ideologia, todos os dragões mitos e lendas. Eu ouço as canções que vem do mar. Azul-furtado. Cavalos alados. Agua viva, madrepérola, continentes conchas e cristais onde uma lua branca brilhante e nova abrange rompendo o medo como um facão, um clarão... Como um raio num jorro de pedras preciosas brilhantes rasgando luzes de infinitas cores, como cavalos brancos que galopam sobre o mar e suas canções. Como magia, como festa como sorriso... Sobre a imensa noite da lágrima.

Mara Araújo