Amada Sacerdotisa,
Todos me perguntam quem é a Sacerdotisa. Se você existe.
Eu sei quem é você, eu sei que você existe, que o Amor existe, mas isso não é suficiente.
Talvez você não confie que exista, e levará eu e o nosso amor a desaparecer.
Você sempre quis amar. Sempre quis um amor sobrenatural e único. Agora que chegou, será que aguenta?
Não terá como voltar para suas dores, aos ossos das velhas queixas.
Não terá como retornar aos casos pequenos e confortáveis.
O problema do amor não é encontrá-lo, é merecê-lo.
Tem gente que prefere o arrependimento ao amor, porque o arrependimento é manso.
Tem gente que prefere não ser descoberto pelo amor a mudar por ele.
Sacerdotisa, Sacerdotisa. O que adianta a sabedoria sem a coragem da loucura?
A coragem é solteira. Sempre solteira. Eu quero alguém que case sua coragem com a minha. Estou cansado de sentir coragem sozinho. Estou cansado daqueles que pedem calma para apenas ter tempo de se defender da vida.
Apaixonar-se é quando a rua é invadida de súbito por cinquenta cavalos.
Não tem como olhar cinquenta cavalos tomando a rua e fingir que é normal.
Não é normal, nada mais pode ser normal.
O sonho muda, o pesadelo muda, os olhos mudam.
Os cavalos arrebentam as avenidas das veias.
O amor ofende. O verdadeiro amor insulta o nosso passado.
O amor dá pânico. O verdadeiro amor apavora e desejamos fugir.
Mas quem ama abraça tremendo, beija tremendo, corre somente com a respiração.
Terá medo do amor, mas não de mim. O amor é um medo a ser dividido.
Vou dormir. Só me acorde com um beijo.
Beijo do teu Louco (Fabrício Carpinejar)
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