Um giro ao sol,ciranda poética

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Na meia noite de todos os meus medos

Espalho um canto de amor e febre. Efervescência de poro sexuado, de gênese onde deslizam profundas origens, vegetais internos, fibras, frutas, outonos e delicadeza. Um canto de luz, de alma e estrelas onde extravaso escrava, amarrada a grilhões e posso literalmente ser eu mesma, dentro de todos os meus desajustes. Onde bordo historias de distancias impossíveis, indolente, cheia de fios, incandescências e lagartixas, a espicharem-se nas paredes do quarto, cheias de transparências e veias. Onde improviso cores, cheia de arco-íris nos lençóis, de cantos, na meia noite de todos os meus medos. Onde ando só e farta de vínculos, sem resistências. Onde me crescem as mãos e os sonhos, que renovo constantemente visitando carrascos que me incorporam e me açoitam diariamente, planetas, magos e todas as ilusões. Onde deixo, um certo jeito meu, meio quente, suculento, farto e cheio de doçura. Um jeito meio dolorido, meio sofrido,cheio de cílios, de olhos e sentimentos náufragos, todos eles, sem uma falsa moral, sem hipocrisia, sem ares de santa, apenas alguns conhecimentos de origem profunda que me foi passado nas vias da vida, bebendo suores e sangue. Um canto de vida, de morte, de ar, de névoa, de sentimentos que me invadem e se projetam no papel, se enroscam feito um gato que me sobe a cabeça e se espalha, meio esbaforido e mia cheio de pelos, unhas e pernas. Sensações que me movimentam como chuva, como grito, como escândalo, se abrem, se enroscam e deixa quente. Sentimentos vivos de tanta febre, tantas garras e presas. Sentimentos graves, herdado, suado, transposto, aceito! Espalho um certo canto pelo ar... (mara araujo)


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